28 de dez. de 2012

Resultado





Soube do resultado pela manhã. É um glioma de grau 3. O de 2007 era grau 2. Terei que fazer químio e rádio. Minha preocupação é: Donde arrumarei a grana para isso?
...
Que se dane a grana!
Sinceramente, a minha vontade é me enfiar num buraco, que nem tatu. E ficar lá dentro só com o olho pra fora, enxergar todo mundo sem que me vejam.
Agora a tarde, senti várias vontades loucas como sair correndo como o Forrest Gunp. Tomar aquele porre de vinho com um queijo caríssimo e ficar caída nos degraus da entrada (não sei porque, mas não tenho degraus na minha casa). Mandar todo o Mundo tomar no cu. Fazer uma cirurgia plástica facial e mudar de personalidade. Mas essa última eu achei ridícula e desisti de tudo.
O que eu não quero é falar com meus amigos. Não sei porquê, acho no fundo que estou com muito medo e não quero ninguém saiba que eu sou fraca. Que no fundo eu sinto uma vontade imensa de pedir colo. Mas nem que seja para dizer que eu ganhei na mega sena da virada, com o travesseiro sob cabeça eu grito “volte amanhã”.


26 de dez. de 2012



 Tédio


Acamada sem saber o porquê
Olhar o nada
Sem esperar para que

O que

Vácuo no intervalo de coisa alguma
Imersa no vazio
Flutuo perdida
Podendo ser sugada para qualquer canto




11 de dez. de 2012

Relatório de Internamento





Estou numa cama de hospital. Diferente de há cinco anos, estou bem, tranquila, com vários livros e o notebook que a Renata me emprestou.  Estava precisando de um tempo, diminuir a correria, limpar a casa, cozinhar, fazer compras e trabalhar. Pelo menos pensar assim consola. Sempre me lembro da crônica do Rubem Braga em que fala que só estudaria a gramática quando estivesse na cama de um hospital. Aqui estou eu. E nem assim me animo a estudar as normas da língua patrão. Trouxe Neruda e mais uns amigos Balzac e Flaubert, umas revistas.
Da janela, vejo apenas árvores gigantes, sem nenhuma construção. Isso me acalma. Ontem me deu uma vontade de um sorvete e desci de pijama no café, que é chique. Fui o centro das atenções. E olha que meu pijama era comportado.
A animação veio com o Dr. Alexandre... ai ai, eu poderia descrever um tratado sobre ele. Só preciso estudar um pouco mais. Ele é lindo. Chegou com um sorriso aberto e já me contaminou. Disse que veio em nome do Dr. Ramina (o bambambam da neuro). Pensei comigo, esse veio completo, simpático e comunicativo. Só aparece uma vez por dia, mas já anima. E me lembra o Barden. E pega no meu pé, literalmente.

Divido hoje o quarto com uma recém-operada. Estou ajudando a cuidar dela, porque nem chamar a enfermeira ela consegue.

Quarto dia de internamento. É domingo pela manhã. Comecei com tédio. Estou sozinha. As minhas visitas vieram às 16h, no ápice do meu vazio. Acabou. São 20h e estou sozinha.
Vem um enfermeiro tirar minha pressão. Eu quero algo salgado, por favor. Não tem como, está tudo fechado. Nem um salzinho pra por embaixo da língua? Nada. Enquanto ele verifica os batimentos, pensei numa pizza. Era isso que eu queria. Minha boca começou a salivar. Olho para ele com a minha tradicional cara de cachorro pedinte. Hum, você pode comer? Claro, estou aqui só para investigar a cabeça. Pede que eu busco lá em baixo; você o tem o endereço? Não. Vou trazer aqui. Procurei na internet e liguei. Esqueci que estou tomando muitos medicamentos e não consegui ler a ordem do número de primeira. Gelei, pensei que ia acabar os créditos. Falei que estava cansada do meu plantão, ela entendeu.
50 minutos depois veio a mais desejada comida desse ano. Era a menor embalagem que eu já tinha visto de pizza. O cheiro era maravilhoso. Depois de dias ao saber de doente com sopa sem sal. Quando eu abri foi uma admiração tão estonteante quanto que se estivesse diante uma obra de Picasso. Fiquei alguns minutos admirando e abrindo o refrigerante. Tinha folha de manjericão fresco e um lindo tomate em rodas. Me senti na Vila Mariano a em São Paulo.

Essa máquina de ressonância que não vem. Já é terça-feira.
Dr. Javier Bardem aparece às 6h50. Mas como dormi melhor, só acordei às 5h30 com a enfermeira me enchendo e não consegui mais dormi, resolvi escrever. Ele chegou e eu jogando as palavras para fora. Conversamos sobre tudo, do meu caso é claro. Veio depois do almoço. Conversamos sobre a nossa profissão. Ele é neurocirurgião. Voltou há pouco. Acho que faremos a biopsia quinta-feira. Finalmente vou para casa. Chega de ficar sem lavar a louça e ir ao mercado. Virei visitá-lo com frequência! 


29 de abr. de 2012


Para meus amigos, blogueiros, poetas que leem o Amberé Akangatu, saibam que estou escrava do sistema, mas mantenho a poesia sempre viva e em breve publicarei.

Deixo aberto o blog para quem tiver interesse, nele postar.

Abraços,
Mente de Lagartixa

3 de fev. de 2012

Susto


no meu sonho
madrugada

palavras atrasadas
lacunas se entrelaçam
ideias aleatórias

a voz ressoa
até desaparecer
mudaram os sonhos


28 de jan. de 2012

Deus e as lágrimas mundiais

Por Romulo Kulka


Mundo: como podemos designá-lo? Talvez seja fácil de responder: redondo, aguado, terreno, azul... Infinitas são as denominações e características para o nosso tão adorado planeta. Mas, será que ele ainda é o que tornamos a ver a cada novo dia de vida, quando acordamos e olhamos pela janela e o vemos com seu céu cinza, sua temperatura amena, suas cores tornando-se frágeis a cada passar de estação. Podemos vê-lo de diversas formas, mas há um SER que o vê como um todo, não lhe dando características visíveis a olho nu, mas invisíveis ao sentimento humano: DEUS! Alguém já parou pra pensar, o quão DEUS está triste com os seres que ele colocou no mundo?
Ele nos colocou aqui para amarmos, respeitarmos e unirmos, uns aos outros, mas dentre tantos 'mos' que julgamos necessários para a evolução humana há sempre um ‘porém’ restituído de sua real classificação: O que está acontecendo afinal? Os seres que deveriam evoluir, pelo contrário, estão definhando em sua própria desilusão, descrença e estão acabando com todas as SUAS ideologias, SEUS credos, SUAS expectativas! Será que todos estes desastres naturais, não sejam a forma como ELE descobriu de fazer-nos abrir os olhos para a realidade e fazer algo para melhorar? Terremotos, furacões, inundações, nevascas, deslizamentos, tudo isso e mais um pouco são as feridas que o ser humano abriu em nosso planeta e que para fechá-las é demorado e cansativo, árduo e desgastante. Mas, sempre há uma saída e isso, nada mais são do que sinais de que podemos e devemos correr atrás do tempo perdido e recuperá-lo, a fim de vivermos num ambiente digno de dizermos que é NOSSO. No entanto, a cada dia que passa desanimo e perco a fé no 'ser humano'. É errado dizer isto? Talvez. ELE (DEUS) nos fez, como muitos dizem, à sua imagem, mas se pararmos para pensar, não temos nada de DEUS e se tínhamos, o pouco que restou está se acabando.
Pode parecer neura, bobagem, julgamento irreal, revolta, dentre tantas outras terminologias, tudo o que vem acontecendo ao nosso redor, mas quem quiser pensar assim sinta-se à vontade. Pelo menos o livre arbítrio, ainda, ninguém conseguir nos tirar!