27 de mai. de 2010

Tarde



Depois de muito lutar com os gelados repteis que ficavam a lhe repisar, achou que era momento de ocupar tal espaço vazio. Não haviam mais de pisotear-lhe!
Mas como?



16 de mai. de 2010

Manhã



Na sua imensidão do vazio, conseguia sentir todas as forças ao seu redor. Mesmo enxergando apenas a um palmo do seu nariz, a percepção estarrecedora. Sua sorte, é que ninguém se prestava a ouvir.


6 de mai. de 2010

Bolinhas no quadrado

Sinopse

Sentadinha no chão, abraçada às suas pernas, uma menina parece triste, olhando para seus pés. O chão e as paredes são pretos. De repente, surge um buraco claro na parede, um uma luz suavemente colorida surge dela, até o chão onde a menina está. Percebe-se que aos poucos, com as luzes entrando, que ela está dentro de um dado. Seus olhos capturam a imagem. Então ela aproxima-se e descobre que há luz e cores do outro lado e decide pular para fora, onde deslumbra a imensidão do mundo colorido.

Cena 1
Plano médio- Menininha sentada no chão, com as pernas dobradas e mãos sobre elas. Um olhar cabisbaixo, em direção aos pés e ao chão. Dentro de um espaço escuro.

Cena 2
Plano aberto- Visto de cima- Uma luz suave entra por um furo e chega até o chão, próximo à menininha, que meche a cabeça para esquerda, e fixa o olhar sobre.

Cena 3
Plano médio - Levanta-se intrigada e aproxima-se do furo para ver de onde vem aquela luz.

Cena 4
Close- Com o olho no buraco, que aparece pelo ângulo esterno, bem iluminado.

Cena 5
Subjetivo - Pelo olhar dela, vemos as cores variadas do local, como uma obra de arte gigante que termina no infinito. Verde em baixo, vermelho e rosa pipocados sobre os verdes; tipos de amarelos variados mais acima...

Cena 6
Plano médio - Dentro do espaço escuro a menina olha para os outros furos que surgiram e experimenta outra visão. São outros tons de arte abstrata que ela encontra. Ela vai experimentando mais e mais. Agora é possível entender que ela está dentro de um dado.

Cena 7
Plano médio - Menina começa a mexer e unir as os furos, como bola de macinha, até formarem uma bola maior onde ela consegue se transpassar para o outro lado.

Cena 8
Plano médio - Menina entrando para o mundo das cores. Começa a ficar corada, admirando a imensidão de coloridos. Sua roupa já aparece colorida.

Cena 9
Plano aberto - De longe, aparece a menina saltitando no chão colorido, respingando e formando novas cores.

1 de mai. de 2010

Cores da infância

Quando criança, era hábito minha mãe e eu visitarmos minha tia Quico, a mãe do meu primo que eu mais brincava, como irmão! ou até mais, porque não brigávamos. Jeime era três anos mais velho que eu e já viajava pelo bairro, Água Verde. O que, para mim, era uma aventura valiosa, uma sensação de liberdade.
É claro que nossas saídas eram lógicas e precisas. Na época em que realizava as façanhas, tinha uns cinco anos e só sentia adrenalina nas caminhadas. Estava na companhia de um da minha espécie, uma criança, e isso era o mais fascinante. Íamos à panificadora, comprar pão. E, quando estávamos em férias (eu fazia pré-escola), eu passava alguns dias em sua casa. Ficávamos a manhã e a tarde brincando no condomínio do prédio, jogando futebol, mãe-se-esconde, dominó... E no fim da tarde, andávamos alguns quarteirões até o trabalho da minha tia. Chegávamos até um parquinho, que ficava em frente ao prédio onde ela trabalhava, e brincávamos mais um pouco até a sua saída.
Era triste para nós dois, que tínhamos nos divertido o dia inteiro, ouvir sobre as torturas, que aconteciam por lá...
Há tempos eu não tinha esta nostalgia!
Passaram-se duas décadas, e eu comecei a desvendar a Vila Izabel, onde eu me instalei, à procura de um lugar, para ler, sentir a brisa e o verão. Comecei a caminhar pela região em torno da Candido Xavier.
Ali perto, achei um banco, embaixo de uma árvore, em uma praça, com um campinho de basquete. Mas o que mais me atraia o olhar era um prédio antigo, com muitas cores.
Fiquei admirando a construção, que de alguma forma me lembrava livros. Talvez, porque pareça um pouco uma imensa prateleira, e os quadrados coloridos de diversos tamanhos como livros empilhados.
Com o clima na leitura do espaço, a imagem(ação) fui ainda mais longe. Aquele lugar me lembrava a infância, com menor proporção, mas pelas ruas que caminhava, como que desvendando o universo, de mãos dadas com um irmão.
Veio a lembrança daqueles momentos... Fixei minha visão na convergência das ruas, que ali se cruzavam, e consegui rememorar nós dois caminhando ao salvamento de minha tia.
Voltei o olhar ao prédio, e a mim, imaginando a possibilidade de também mudar aquele ponto de vista, por dentro, colorindo o pensamento pessoas que trabalham por lá.


Curitiba, 17/01/2010